ET-RDG: Representação de Dados Geoespaciais

ET-RDG

Por Dentro da ET-RDG: A Padronização Cartográfica que faltava para o Mapeamento Sistemático

 

Após anos de expectativa e discussões técnicas, finalmente foi publicada em 2025 a ET-RDG (Especificação Técnica para Representação de Dados Geoespaciais). Essa nova norma representa um marco para a cartografia brasileira, encerrando um longo ciclo iniciado em 2018, quando a Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) passou a planejar a atualização do antigo manual T 34-700, em vigor desde 2002.

Durante esse período, a comunidade de profissionais das geotecnologias ansiava por uma simbologia cartográfica atualizada, compatível com a estrutura semântica da ET-EDGV 3.0 e com as demandas modernas de representação geoespacial.

A ET-RDG chega como uma referência essencial para o mapeamento sistemático do território nacional, especialmente em escalas de 1:250.000 a 1:25.000. No entanto, suas diretrizes podem e devem inspirar também aplicações em outras escalas, como no urbanismo, cadastro técnico multifinalitário e projetos temáticos.

Compreender essa norma é indispensável para:

  • Cartógrafos e analistas de geoprocessamento;
  • Engenheiros e técnicos de topografia;
  • Profissionais militares e órgãos públicos produtores de mapas; e
  • Universidades e instituições de ensino envolvidas com a formação em cartografia sistemática.

Neste artigo, você vai entender o que é a ET-RDG, como ela se articula com outras especificações da DSG e da CONCAR/CONGEO, seus avanços, limitações e como aplicá-la de forma prática no seu dia a dia profissional ou acadêmico.

 

O que é a ET-RDG e como ela se integra com outras especificações técnicas

A ET-RDG define regras e padrões para a representação gráfica de feições geoespaciais, como simbologia, cores, rotulagem e elementos marginais em produtos como cartas topográficas e ortoimagens. Sua existência complementa um conjunto robusto de normas da DSG e da CONCAR:

  • ET-EDGV: estruturação de dados vetoriais com base conceitual para os objetos representados graficamente.
  • ET-ADGV: define os critérios de aquisição dos dados geoespaciais vetoriais.
  • ET-PCDG: trata dos produtos cartográficos gerados a partir de dados geoespaciais.
  • ET-CQDG: estabelece parâmetros de controle de qualidade desses dados.

Juntas, essas normas formam a espinha dorsal da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), promovendo interoperabilidade, padronização e eficiência na produção cartográfica nacional.

 

Principais avanços da ET-RDG

  1. Padronização da simbologia cartográfica: Apresenta um catálogo de símbolos atualizados por categorias temáticas (hidrografia, relevo, transporte, etc.), facilitando a leitura e a compreensão dos mapas.
  2. Cores e preenchimentos: Define cores padronizadas (ex: Preto, Ciano, Castanho), com códigos RGB/HEX, seguindo diretrizes mais adequadas para aplicação digital.
  3. Representação textual: Estabelece regras de tipografia e posicionamento de rótulos, garantindo legibilidade e organização.
  4. Integração com produtos: Inclui orientações para aplicação em cartas topográficas e ortoimagens, com indicação de estrutura de layout e informações marginais.

 

Como consultar e utilizar a ET-RDG

  1. Consulta Disponível gratuitamente no portal do Exército: Acessar aqui
  2. Estrutura da norma
  • Cap. I: Introdução e referências normativas
  • Cap. II: Representação cartográfica por categoria
  • Cap. III: Regras para textos
  • Anexos: símbolos (A, B), cores (C), preenchimentos (D), folha modelo (E)
  1. Passo a passo para aplicação:
  • Identifique o tipo de produto (topográfico ou ortoimagem)
  • Consulte o anexo correspondente
  • Aplique as regras por escala
  • Use as definições de cor, texto e layout da norma
  • Adicione as informações marginais obrigatórias

 

CRÍTICA: Pontos que poderiam ser aprimorados na ET-RDG

Apesar de avançada, a norma poderia evoluir para facilitar ainda mais o uso no dia a dia de quem trabalha com mapas digitais:

  1. Versão digital navegável: Sugere-se um portal web com busca por categorias e filtros.
  2. Integração com SIG: Seria ótimo se indicassem um repositório de arquivos prontos em .QML, .SLD, .SVG para uso imediato no QGIS e outros softwares de SIG.
  3. Ausência de orientação para grandes escalas (>1:10.000): Seria útil um anexo para uso em urbanismo e Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM).
  4. Poucos exemplos ilustrativos: Faz falta a indicação de um repositório com folhas modelo e estilos aplicados, mostrando como ficaria na própria carta topográfica junto com outras feições.
  5. Ambiguidade em classes auxiliares: Fluxogramas ajudariam a decidir quando incluir ou suprimir feições.
  6. Falta de versões multilíngues: A tradução para inglês ajudaria na cooperação internacional.
  7. Simbologia com contraste limitado: Alguns símbolos poderiam ser mais modernos e acessíveis para meios digitais.

 

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