Produtos Cartográficos: Diferenças, Semelhanças e Aplicações
A Cartografia é a ciência que representa o espaço geográfico por meio de símbolos, formas e escalas, permitindo compreender e comunicar informações sobre um território. Entre seus principais produtos estão os mapas, as cartas topográficas e as plantas topográficas, que variam conforme a escala, o nível de detalhamento e a finalidade de uso.

Além desses, existem representações mais simples e ilustrativas, como croquis, plantas baixas, mapas infográficos e cartogramas, que também ajudam a entender o espaço, mesmo sem seguir normas técnicas. Neste artigo, você vai conhecer as diferenças entre esses produtos e descobrir em quais situações cada um é mais indicado.
Mapa
O mapa é uma representação sintética de uma área geográfica em sua totalidade, geralmente em escala pequena (ex: 1:1.000.000). Por isso, é ideal para representar grandes extensões territoriais, como estados, países ou continentes.
Sua principal característica é a generalização da informação, o que o torna bastante útil em contextos educacionais, temáticos, históricos e geopolíticos, como em mapas climáticos, populacionais ou econômicos. Apesar do menor detalhamento, é eficaz para fornecer uma visão ampla do território.
Mapas temáticos são representações que destacam informações específicas do território, como dados demográficos, ambientais , sociais ou econômicos, sendo muito utilizados em trabalhos acadêmicos como TCCs, dissertações e teses. Para garantir clareza e qualidade, é essencial incluir no mapa temático elementos como título, legenda, escala, fonte de dados, sistema de coordenadas, orientação e projeção. Confira aqui como configurar esse itens no QGIS.
Carta
A carta é um produto técnico e normatizado, elaborado a partir de levantamentos geodésicos e fotogramétricos. Possui escalas médias e segue os padrões do mapeamento sistemático brasileiro. Diferente dos mapas, as cartas representam recortes organizados dentro de um enquadramento espacial sistemático, com extensão e posição definidas em grade.
Apresenta maior detalhamento em relação aos mapas, representando elementos naturais (relevo, hidrografia, vegetação) e antrópicos (vias, edificações, localidades e limites administrativos), além de curvas de nível que descrevem a topografia do terreno. É amplamente utilizada em projetos de engenharia, planejamento territorial, meio ambiente e geoprocessamento.
No Brasil, os principais produtores de cartas topográficas são o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a DSG (Diretoria de Serviço Geográfico), com disponibilização gratuita por meio da INDE (Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais).
A tabela a seguir apresenta as principais escalas do mapeamento sistemático brasileiro, suas respectivas competências institucionais, classificações quanto ao porte da escala e principais aplicações (topográfica e cadastral).
Tabela: Escalas do Mapeamento Sistemático Brasileiro
Escalas | Competência | Classificação | Aplicação |
1:1.000.000 | Federal (IBGE) | Pequena | Topográfica |
1:500.000 | Federal (IBGE) | Pequena | Topográfica |
1:250.000 | Federal (IBGE) | Pequena | Topográfica |
1:100.000 | Federal (IBGE e DSG) | Média | Topográfica |
1:50.000 | Federal (IBGE e DSG) | Média | Topográfica |
1:25.000 | Federal (IBGE e DSG) | Média | Topográfica |
1:10.000 | Estadual e Municipal | Grande | Cadastral |
1:5.000 | Estadual e Municipal | Grande | Cadastral |
1:2.000 | Municipal | Grande | Cadastral |
1:1.000 | Municipal | Grande | Cadastral |
Planta Topográfica
A planta topográfica é uma representação altamente detalhada de uma área específica, elaborada em escala grande (ex: 1:500 ou 1:1.000). É gerada a partir de levantamentos de campo com instrumentos de alta precisão, como estações totais, receptores GNSS geodésicos ou drones com RTK/PPK.
Diferentemente dos mapas e cartas, a planta topográfica não utiliza generalizações cartográficas amplas, representando com precisão cada detalhe do terreno. Inclui coordenadas georreferenciadas dos imóveis e informações planialtimétricas obtidas por levantamentos de alta acurácia. É amplamente aplicada em projetos de engenharia, arquitetura, parcelamento do solo, regularização fundiária e georreferenciamento de imóveis urbanos e rurais, seguindo as normas técnicas da ABNT, como:
- ABNT NBR13133:2021 – Execução de levantamento topográfico
- ABNT NBR14166:2022 – Rede de referência cadastral municipal
- ABNT NBR17047:2022 – Levantamento cadastral territorial para registro público
Clique aqui para saber como baixar essas normas.
Outras Representações Gráficas do Espaço

Além dos produtos técnicos, existem representações simplificadas ou ilustrativas que, embora não tenham o mesmo rigor cartográfico, são úteis em contextos específicos:
- Croqui: Representação livre e esquemática, geralmente feita à mão, sem escala definida ou padronização técnica. O croqui é útil para esboçar trajetos, representar ambientes, rurais ou urbanos, ou ainda indicar a posição relativa entre elementos de forma rápida e aproximada.
- Planta baixa: Representação técnica e horizontal de construções, geralmente em corte plano, mostrando paredes, portas, janelas, instalações e mobiliário com cotas e dimensões reais. Apesar da precisão métrica, não costuma ser georreferenciada, pois seu foco é a organização interna de edificações. É amplamente utilizada na arquitetura, engenharia civil e design de interiores.
- Mapa infográfico: Combina mapas simplificados com elementos visuais como gráficos, ícones, textos e diagramas, criando uma representação visual que facilita a compreensão de informações espaciais por diferentes públicos. Muito utilizado em jornalismo, educação e comunicação institucional, o mapa infográfico destaca dados temáticos de forma atrativa e acessível.
- Cartograma: é um tipo de representação em que as áreas geográficas são distorcidas de forma proporcional a uma variável, como população, PIB ou consumo, em vez de manter sua forma e tamanho reais. Essa representação, conhecida como anamorfose, prioriza a comunicação de dados quantitativos ao destacar visualmente desigualdades ou padrões espaciais que não seriam evidentes em mapas convencionais.
Quadro Resumo: Comparativo de Representações Cartográficas e Gráficas do Espaço Geográfico
Produto | Escala | Finalidade Principal | Nível de Detalhamento | Fonte / Base de Dados |
Mapa | Pequena | Visão geral e representação temática | Baixo | Dados generalizados |
Carta Topográfica | Média | Análise técnica, planejamento e geoprocessamento | Médio | Levantamentos sistemáticos (IBGE, DSG) |
Planta Topográfica | Grande | Projetos técnicos, georreferenciamento e REURB | Alto | Levantamento de campo com alta precisão |
Croqui | Sem escala definida | Esboço, orientação visual inicial | Muito baixo | Observação direta / representação subjetiva |
Planta Baixa | Grande (sem coordenadas) | Projeto arquitetônico, visualização de ambientes | Moderado (não georreferenciado) | Medidas internas e plantas arquitetônicas |
Mapa Infográfico | Variável | Comunicação visual e didática | Variável | Dados simplificados e elementos visuais |
Cartograma | Não aplicável | Representação proporcional de variáveis espaciais | Variável (abstrato) | Dados estatísticos (população, PIB, etc.) |
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